domingo, 21 de outubro de 2012

Exposição resgatará a história da Feira do Livro de Pelotas




Duarte fez a doação dos materiais que
guardou desde o início da Feira, em 1960

(Fotos Helena Schwonke)
 
Na última semana, a Câmara Pelotense do Livro recebeu uma importante doação que ajudará a recontar a história do evento literário mais importante da cidade.

Guardados há mais de cinquenta anos, diversos materiais sobre a Feira do Livro de Pelotas foram repassados das mãos do Sr. Gilberto Rezende Duarte, idealizador das primeiras edições do evento, para os representantes da Câmara, que agora tem a responsabilidade de armazenar e conservar este precioso acervo.

São recortes de jornais e revistas, cartas, fotografias, documentos e dezenas de livros autografados em diversas edições da Feira do Livro, desde a primeira, em 1960. Parte desta história poderá ser conferida em uma exposição que resgatará a trajetória deste evento, que completa este ano sua quadragésima edição.



Gilberto Rezende Duarte e a Feira do Livro de Pelotas


Matéria do Jornal Diário Popular (1960)
Seu Gilberto, como é hoje conhecido, era um jovem de 24 anos quando ouviu na rádio uma notícia sobre a feira do livro que acontecia em Porto Alegre e teve a ideia de realizar o evento em Pelotas. Na época, ele e o irmão, Itamar, eram representantes de uma editora e vendiam livros de porta em porta. Com o apoio do então prefeito da cidade, João Carlos Gastal, os irmãos foram até a capital fazer o convite aos livreiros, que aceitaram prontamente.


Gilberto conta que se aproximava da data de início da Feira e pouco havia sido divulgado nos meios de comunicação. Foi então que decidiu pedir ajuda para João Alfredo de Souza Lobo, jornalista do Diário Popular, que convidou ele e o irmão para uma entrevista. Segundo Duarte, assim que o evento foi divulgado no jornal a notícia se espalhou. “No outro dia o telefone não parou de tocar. Muitas pessoas começaram a ligar para saber mais, apoiar e participar”.


A primeira Feira do Livro de Pelotas aconteceu de 25 de novembro a 4 de dezembro de 1960, na Praça  Coronel Pedro Osório e foi realizada nos quatro anos seguintes. Parou em 1964 por falta de investimentos, diferente do que costumam falar, Duarte explica que não teve nenhuma relação com a ditadura. “Ela foi interrompida quando os livreiros de Porto Alegre desistiram de emprestar as barracas, que segundo eles, voltavam muito danificadas devido ao transporte”, fala. “Na época o prefeito da cidade, Edmar Fetter, não investiu em novas barracas e por este motivo a Feira não pode acontecer.  Só voltou a ser realizada em 1978, com o apoio do prefeito Irajá Andara Rodrigues”, lembra.

"Hoje olho e vejo que talvez tenha sido
uma das coisas mais
 importantes que fiz na vida"
Emocionado, Gilberto conta que fica muito feliz com a direção que tomou o evento. “Nunca imaginei que teria esta proporção. A cidade cresceu, o público é outro, mais diversificado e numeroso, com maior consciência da importância de ler”, reflete.


Apesar de ser peça fundamental para a realização do evento na cidade, Duarte considera a Feira muito mais importante para ele, do que ele para ela. “Hoje olho e vejo que talvez tenha sido uma das coisas mais importantes que fiz na minha vida. Mas não sinto que fui essencial nessa história, se eu não tivesse tomado aquela iniciativa em 1960, tenho certeza que outros teriam feito em seguida. Ela iria acontecer de qualquer forma”.


Os curiosos poderão saber mais sobre a história e trajetória da Feira do Livro de Pelotas de 31 de outubro a 18 de novembro, na exposição que será montada em uma das tendas na Praça Coronel Pedro Osório.